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A democracia pela representação: uma incursão histórica na precariedade política moderna

Eduardo Henrique Lopes Figueiredo and Felipe Demian Siqueira de Mello

Contribuciones a las Ciencias Sociales, 2017, issue 2017-11

Abstract: O presente artigo almeja realizar uma análise arqueológica da democracia moderna, procurando revelar seus discursos históricos em suas especificidades prescritivas e descritivas. Em aspecto amplo, retrata a representação política, pormenorizando o tema no Estado parlamentar medieval, onde a convicção da metáfora do corpo se fazia presente e o parlamento era entendido como parte hierarquicamente superior do corpo, assumindo um valor representativo em relação a toda a sociedade organizada. Prossegue delineando a representação política através do processo de concentração de poder nas mãos do rei, explicitando uma transformação da compreensão da sociedade de organizada para desorganizada e evidenciando a luta contra o absolutismo feita em nome do povo, na qual aqueles que a realizaram foram tidos como seu representante. Finda a primeira parte, revela uma prática discursiva comum nos séculos XVII e XVIII, na qual o fundamento da representação passa a residir em conceitos abstratos como nação ou povo e o representante se torna a voz autêntica dessa coletividade, momento em que ela sai de cena, demonstrando o caráter antidemocrático da representação política. Em outro cenário, desloca-se para o contexto clássico da democracia, compreendido na idealização do autogoverno do povo, onde todos os indivíduos são iguais e livres e uma ordem política só pode ser fundada na vontade de todos. Para além da prescrição, aborda as impossibilidades práticas de uma democracia pura e como a representação política, antidemocrática em essência, tornou-se a solução para os problemas de consolidação democrática dos grandes Estados modernos, revelando um governo democrático corrigido, representativo, possível. Conclui que democracia não é sinônimo de representação, pelo contrário, que são dois ideais contraditórios, ligados em uma adaptação pragmática e encontrados em um lugar comum, se constituindo em um singular paradigma de organização política, no qual a democracia se revela na participação do povo através da escolha de representantes. Por fim, destaca que tal engenharia política correspondeu a um processo histórico que teve assentamento no século XVIII e que se mantém até agora, indicando que os tempos tecnológicos contemporâneos apontam para a possibilidade de se pensar novas formas de realização do ideal democrático.

Keywords: representação; democracia; democracia representativa; participação; modernidade. (search for similar items in EconPapers)
Date: 2017
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